BAIRRO BARRA
HOJE MAIS CONHECIDO POR
BAIRRO NAVEGANTES
Em 1913 surgiu uma irmandade que foi criada sob a orientação do Pe. Augusto Gautsch, que começou a chamar-se IRMANDADE DOS NAVEGANTES, por ser um lugar onde a maioria dos moradores eram pescadores. Seu segundo presidente foi Anarolino Villar (registro no livro “Primeiro Lustro da Diocese de Pelotas 1911-1916”).
Palavras ditas por Padre Gautsch (Livro Tombo):
“A Irmandade dos Navegantes comprou no mez de Julho de 1914 um terreno na Barra de São Lourenço em valor de um conto duzentos mil reis, para n’elle edificar-se uma escola parochial e uma capella da Nª Srª dos Navegantes, obra necessária e muito aconselhada pelo Exmº Bispo Diocesano, na sua ultima visita pastoral.” (palavras copiadas como se escrevia na época)
Em 1915, padre Gautsch registrou:
“No dia 7 de Fevereiro, festejou-se, com enthusiasmo religioso, a segunda festa da Nª Srª dos Navegantes, com a devida licença episcopal.
No mez de Março de 1915 mandei fazer um púlpito (tribuna) para as pregações n’esta igreja de São Lourenço.”
“Gautsch era incansável. Anotava tudo. Viajava muito: Vila-Colônia, Colônia- Vila.”
OBS.: Como podemos notar já eram muito usadas “as anotações”, assim ficavam registrados todos os acontecimentos da época.
Também registros do Livro Tombo:
“No dia 2/2/1916 realizou-se a procissão da Nª Srª dos Navegantes com a acostumada ordem e solenidade...” e... ”No dia dois de Fevereiro de 1917 houve festa da Nª Srª dos Navegantes, com grandiosa procissão, pelo Arroio da Villa.”
Referências Bibliográficas:
Referências Bibliográficas:
Hammes, Edilberto Luiz – São Lourenço do Sul: radiografia de um município – das origens ao ano 2000;
Volumes 1 e 2
Editora: Studio Zeus, 2010
São Leopoldo
Não poderia deixar de citar esta festa que é hoje esperada pelos lourencianos e visitantes, Nª Srª dos Navegantes, a padroeira dos pescadores que nos protege e nos abençoa, AMÉM...
Por sua sede estar situada em nosso Bairro Barra, hoje chamamos carinhosamente de Bairro Navegantes, o qual muitas pessoas pensam que esse é seu nome. Mas se vamos escrever uma carta, ou até fazer uma inscrição em sites ou concursos, esse já vem registrado como nome oficial.
RELATOS
Relato que vou escrever agora é o que eu ouvia quando criança.
Minha avó materna contava que quando a família dela veio de Tapes para fixar residência aqui no Bairro Navegantes encontraram muito mato e algumas plantações (milho), que eram dos índios que aqui habitavam. Índios mesmo até pelados eles andavam, e muitas casas foram construídas em cima de riquezas que eles escondiam para não serem roubados.
Onde está sendo erguida a nova Escola Municipal de Educação Infantil Recanto Feliz, muito se falava que pessoas acharam ouro e foram para fora do Brasil para poder vendê-lo. Porque se as autoridades fossem avisadas teria que entregar como patrimônio da cidade, pois não se sabia quem eram seus verdadeiros donos. Muitos falavam que eram de escravos que tinham roubados seus “donos” antes de virem para São Lourenço, mas outros afirmavam ser de índios.
Minha avó se casou no ano de 1946, vindo a morar na Rua Duque de Caxias, nº 115, meu avô pescador, e às vezes também ajudava na Fazenda do Sobrado, fazendo a limpeza do campo e da casa. Nesta época minha avó contava que conheceu as trincheiras de guerra, e o temido “tronco” onde os escravos eram castigados. Também me lembro dela falando que de onde ela morava se escutava os “gritos e gemidos” dos escravos, e se eu ficasse na frente da casa e tivesse bastante silêncio eu também ouviria, mas eu nunca tive coragem de ficar ouvindo para saber se era verdade ou não, hehehehe...
Uma foto de meus avôs no dia do casamento:
(Fotos dos arquivos de família – Luiza Garighan Mesquita e Filigêncio Alves Mesquita)
Mais algumas fotos dos arquivos da família
(Família Garighan / ano 1928)
(1939)
(Serenatas- ao fundo as margens do Arroio São Lourenço do Sul)
(Acampamento de pescadores)
Aqui uma curiosidade quando os pescadores saiam para pescar eles ficavam muito tempo acampados e construíam galpões onde moravam com suas famílias. Ficavam meses fora e às vezes anos, por esse motivo levavam toda família assim também surgiram várias vilas, que existem ainda hoje.
(Fotos dos arquivos da família)